Capítulo Três

Casa estranha, Preconceito e a Verdade

            E assim os dias se passaram e Endrill recebi todo dia três refeições e apenas isso nada a mais e nada a menos, tinha um banho que magicamente era preparado e aparecia do nada em seus aposentos, roupas sempre limpas e perfumadas e muito tempo para pensar em toda sua liberdade sem pressão ou qualquer intimidação e nesse ritmo de pensamentos no dia e choro à noite aos poucos foi concertando seu coração e sua cabeça foi colocada no lugar e assim semanas se passaram.

            Eis que chegou o dia em que Endrill se sentiu confiante a se retirar do quarto e quando o fez viu que estava numa grande e bela moradia, totalmente repleta de objetos mágicos e outros enfeitiçados contemplou estatuas e muitos quadros dentre os quais alguns eram magníficos e outros eram apenas tenebrosos e outros simples, e assim caminhou por um longo corredor que acabava numa escada.

             E ao descer a escada para a sala se deparou Styro contemplando um mapa das nove grandes nações mágicas e das três intocáveis com vários pontos marcados entre eles o deserto de Ikra, e esse mapa era bem diferente em relação aos mapas que Endrill havia estudado. Então antes que ele perguntasse Styro disse:

            - Bom dia meu jovem, é ele esta diferente dos mapas que você estudou não é mesmo, assim presumo que seus estudos tenham ido até o fim da Segunda Grande Guerra Maga que desfez as tribos formando as nações abertas e fechadas, é... é... este mapa é o da Terceira Grande Guerra Maga que no momento acontece.

            Dizendo isso com uma aparente dor em cada palavra silenciou-se, estava nítido seu desprezo pela guerra e eles ali ficavam quando de repente uma linha no mapa pegou fogo, uma fronteira, se recolocando em uma nova posição.

            - Droga não teremos muito tempos para conversar temos que começar seu treinamento antes que esses tolos destruam o equilíbrio do mundo mágico, pronto garoto?

            - Sim estou pronto!

            - É ótimo ouvir isso, Barragan!

            Styro invocou esse nome ao que pareceu a Endrill era seu serviçal, foi ai que no meio da sala surgiu uma bola de fogo que aos poucos foi tomando forma de um demônio, Endrill de supetão o atacou com uma pequena esfera de energia que foi aniquilada pela mão de Styro que se projetou como um raio na frente do demônio e o protegeu.

            - Endrill bom saber que esta atento, mas não deve atacar meus serviçais, e é bom começar a se acostumar com a presença de demônios já que eu só confio neles sendo você o primeiro dessas malditas criaturas chamadas humanos, que adentra minha casa.

            - Como? Não confia em humanos... ah... Desculpe-me então. - disse Endrill mostrando toda sua confusão com a alegação de Styro e dirigindo suas desculpas a Barragan.

            - Não eu que peço desculpas Ser Endrill.

            - Barragan não se desculpe, ele tem muito a apreender e isso inclui respeitar outras raças e diferenças, começando por nosso almoço feito por suas próprias mãos.

            Inevitavelmente Endrill dirigiu seu olhar às mãos de Barragan, que eram simplesmente, totalmente disformes e gosmentas de uma aparência verdadeiramente repugnante. Styro olhou a face de Endrill que demonstrava nítido nojo, ai sorriu e disse:

            - Esta pronto não, Barragan?

            - Oh! Sim, sim senhor e espero que vos agrade.

            - A tenho certeza que sim, sabes Endrill nunca encontrei um demônio que cozinhasse tão bem quanto Barragan, venha vamos até a sala de jantar.

            Então atravessaram a belíssima sala e seus objetos místicos, esta sala que também não possuía janelas como o resto da moradia, apenas grandes lustres magnânimos e maravilhosos candelabros que com ou sem a ajuda de clarabóias iluminavam a casa, então chegaram a uma gigantesca sala com uma mesa que dava a impressão de infinita, ai Barragan disse:

            - Por favor, sentem-se senhores, o almoço vem ai...

            Então com um aceno de cabeça a mesa começou a se por sozinha.

            - Ah! Meu caro Barragan depois do almoço pode começar a preparar aquela sala, esta bem?

            - Sim claro prepararei, e então o almoço...

            Pah!!  Com um bater de palmas o almoço apareceu sobre a mesa e o demônio desapareceu. Styro percebeu que nesse momento que Endrill quase vomitou impulso que foi cessado pelo maravilhoso aroma da comida de Barragan então Styro perguntou:

            - Quer um pouco Endrill eu o sirvo...

            - Não, não muito obrigado não estou com fome. – mentiu o rapaz.

            - Ah! Esta bem meu caro apenas me faça companhia durante o almoço então.

             Styro começou a se servir, muito risonho enquanto Endrill se recusava a comer. Esta situação se repetiu por dias e dias com Endrill passando todos os dias apenas com o café da manha que sem que ele percebesse foi minguando dia após dia, porem os preconceitos do rapaz ainda assim se mantinha de pé ele quase não se mantinha mais os seus preconceitos esses não pareciam tombar de fome...

            Um dia porem a fome falou muito mais alto do que seus preconceitos e ao Styro oferecer a comida do almoço de aroma inacreditavelmente apetitoso o menino aceitou e de bom grado de tão atraentes em aroma e aparência que eram os alimentos. Então Styro o serviu dizendo:

            - Comida digna do preparo humano, não é mesmo meu caro?

            - É sim digna de um humano um...

            Neste momento Styro o lançou Endrill contra a parede usando um pequeno poder telecinético que vez com que o jovem tivesse grande impacto contra a parede e ai o mago se pôs a gritar:

            - Digna de um humano? E em que um humano é digno, Endrill resposta mais que errada mais que errada há mais de setecentos e vinte demônios em minha casa e uns bem poderosos, como você e não me espantaria se um deles desobedecesse minhas ordens e entrasse nessa sala e acabasse com sua vida, e eu nem os impediria, pois sua resposta foi suja muito suja, assim como os humanos que você diz serem dignos. Humanos estes que mesmo sendo os seres mais novos sobre a terra uma terceira grande Guerra Maga que faz vitimas que sujam a santa terra com sangue de muitos, e tudo porque, por inveja, cobiça, busca por poder, não é? Em Endrill?

            Neste momento o poder sobre o corpo de Endrill sofreu uma ligeira diminuída mesmo assim ele ainda não pode se levantar, mas tentou responder:

            - C.. co...como assim...

            - Como assim não se faça de ingênuo, eles começam a guerra e não estão ligando nem um pouco para famílias como a minha ou como a sua serão dizimadas se estarão ganhando, Endrill vou te contar um segredo raças como elfos, fadas, duendes, anões, demônios, do'céus, tem mais de trezentos milhões de anos de existência enquanto os humanos pouco mais de vinte milhões, e nesses poucos anos por causa da disputa de poder quatro magos, Merlin sim santo Merlin, sua filha bastarda Morgana, seu inimigo Rajar, e seu melhor amigo Shido começaram uma guerra entre si, guerra essa onde demonstraram todos seus poderes mais também guerra onde separaram o mundo mágico que vivia harmoniosamente em tribos que começaram a deter grande ódio umas contra as outras, mas você sabe por que eles começaram essa guerra entre si mais que subitamente se tornou uma Grande Guerra Maga a primeira?

            - N.. n..na..não....

            - Não sabe?

            - Não!

            - Vou te dizer pra que nunca mais alegue ignorância, eles o viram porque viram uma coisa um tanto quanto interessante, os humanos não possuíam e muitos ainda não possuem tanta magia então casamento entre humanos e outras raças praticamente não aconteciam só em casos de muito amor, porque nesse caso isso amplia a magia do contrario não porque ninguém queria enfraquecer o sangue, já as outras raças trocavam membros entre as tribos para o fortalecimento de sua magia, nisso muitas raças se criaram o que não vem ao caso, mais vê se entende, era separar e conquistar com as raças procriando apenas entre si o sangue e a magia se manteria em um mesmo nível sempre, porem então por mais que os humanos tenham participado da guerra não é estranho que eles não tenham gerado nenhum preconceito, e outra não é mesmo os humanos de hoje são tão poderosos não é mesmo, é são sim porem tenho algo para dizer verifique qual deles tem uma arvore genealógica com mais de três gerações de apenas humanos, acho que isso será bem difícil, afinal tem sempre alguma raça da qual eles descendem, um meio elfo de elfo com humano pode ser desprezo por elfos porem casa-se com um humano pois humanos não tem preconceitos, e a próxima geração será apenas um quarto elfo não enxergará no escuro, sua audição não será tão boa mais ainda será melhor,e claro terá menor estatura, e sua prole não possuirá nada de elfo considerando-se um humano, porem o carisma élfico não some assim como água a evaporar e um humano assim com todo esse carisma será diferentemente belo e com certeza atrairá belas raças e a mistura continuará. Eternamente, por milhões de anos Endrill pode pensar nisso em longo prazo quantas gerações quantas raças misturas sem falar que os humanos não desfiguram então até a miscigenação com orcs terá seu proveito podem até ser verdes ou perder um pouco de inteligência mais as fadas adoram verde, então compreende a magnitude de tudo?

            - Ah... Ãmh...

            Por mais que Endrill quisesse crer na inocência humana ele não poderia falar contra as palavras de Styro e tudo se encaixava muito, muito bem e aquilo poderia sim ser a mais pura verdade, já que em sua casa ele tinha muitos exemplos disso seu pai de criação era filho de uma meia bruxa casada com um jovem neto de meio elfo, e sua mãe de criação era meio sereia em quarta geração de mistura com humanos. A ainda eram magos poderosos e ele não poderia afirmar que os antepassados de seus pais fora esses que ele sabiam eram humanos puros mais provavelmente não por serem todos tão magicamente poderosos por historias que seus pais contavam.

            - Presumo que entenda certo, pois acabo de descrever a família de seus pais e pelo que os estudei tinham um potencial muito maior do mostravam eles tinham grandes misturas, misturas interessantes e até peculiares parece até que alguém os projetou, e cruzando Desdemona com Amitah então são basicamente as maravilhas de nome Oracus e Delf, mas sabe o mais curioso é o seguinte Morgana era de pai meio bruxo com humano e mãe fada e devo dizer uma das espécies mais poderosas de fadas, sue pai Merlin era filho bastardo de um famoso e poderoso bruxo e uma pobre humana que a meu ver deu um belo golpe, engraçado como um mago tão renomado tem tantos adultérios na família, – riu-se Styro – Shido era filho de pai humano amaldiçoado e de mãe elfa, e Rajar esse era realmente divertido de mãe humana amaldiçoada e pai licantropo pra mim isso é muito interessante. Criatura agora me diga que eles eram humanos prodigiosos e especiais ou boas misturas, e de inimigos o que tinham afinal por relatos de quem presenciou as lutas essas eram lutas que devastavam cidades de imenso poder mais nenhum deles morreu como pode? Lutas como aquele em que Merlin sozinho enfrentou Shido que estava enfeitiçado, Rajar e Morgana de uma vez só e saiu ileso me diga por mais que ele fosse grandioso e era não digo o contrario, como escaparia desses três que eram tão poderosos e ainda com dois que o odiavam sabendo que os sentimentos têm gigantesca influencia na magia, acha que eram inimigos?

            Soltando Endrill, esse que caiu da parede aos prantos, chorando como um bebe no deserto que uma vez foi, pois afinal a raça á qual ele tanto se orgulhava de pertencer por não possuir preconceitos, via agora a verdade mais clara do que se tivesse olhando através do fundo do lago imaculado dos grandes elfos das pradarias douradas, verdade essa que mudava sua visão e que só o fazia pensar no que mais era mentira.

            Styro se acalmando dessa grande exaltação que o fez muito se lembrar de seus dias de captura de demônios e se sentindo muito leve quanto a isso, olhou para Endrill e disse:

            - Barragan é o melhor cozinheiro dentre as nove nações então coma nunca provara ou provará algo tão saboroso em sua vida.

            Mais mesmo após se sentar a crise existencial não havia diminuído nem um pouco e as palavras de Styro não paravam de ecoar em sua mente como se ele estivesse a repetindo constantemente, ai então ele se virou para Styro e disse num sussurro:

            - Chame Barragan, por favor.

            - Barrag...

            - Oh! Mestre mil perdões pela demora sabia que a comida esta um lixo.

            - Não Barragan sou eu quem te chama.

            - Ser Endrill?

            - Sim quero me desculpar sinceramente com você por tudo, por te atacar, ter nojo de você e pelo que pensei a respeito de sua comida por todo esse tempo, espero que aceite meus sinceros perdões,

            Barragan olhava Endrill totalmente abobado movendo a cabeça para todos os lados até ver um grande sorriso no rosto do velho Styro quando o garoto levantou-se perante Barragan e curvou-se, fazendo lagrimas rolarem dos olhos do demônio especialmente quando vez o gesto em que pedia um abraço ao demônio e dizendo:

            - Perdão irmão Barragan, estava errado muito errado perante vos espero que um dia tenha a capacidade de perdoar estes meus atos.

            Após um caloroso abraço Barragan muito tonto de emoção vira-se quase que estático e a falar sozinho em língua desconhecida à Endrill começou e se retirar lentamente totalmente perdido mais virou para trás quando Endrill o perguntou:

            - Barragan qual da sua mesa é seu favorito?

            - Pede minha opinião?

            - Sim afinal foi você quem preparou toda essa maravilhosa refeição.

            - A sopa de sapo no grande caldeirão.

            - Parece ótima, obrigado.